Isso mesmo! Não sei se é novidade pra vocês, mas eu me surpreendi quando vi. Tem um tempo já que venho observando que alguns dos artistas que acompanho utilizam um lápis de cor azul ou vermelho chamados de Col-Erase. Eles são uma linha de lápis de cores apagáveis da Prismacolor. Na descrição em inglês do site da fabricante é possível ler que os lápis têm ponta de dureza média com pigmentos que apagam facilmente, são indicados para trabalhos em progresso que precisam ser retocados como ilustrações, animações e afins.
Não preciso nem dizer que por ser Prismacolor a qualidade desse material deve ser suprema, mas minha maior curiosidade não era nem pela qualidade do pigmento em si, mas pelo “fator apagamento”. Há algum tempo venho experimentando minas azuis e vermelhas pra desenhar. Comecei com um lápis cópia da Koh-i-noor na cor azul que meu amigo Bis me deu, passei pro grafite azul Color Eno (da Pilot), por curiosidade comprei uma lapiseira Color Eno vermelha (só porque vinha um grafite vermelho dentro - não achei a caixinha pra comprar em canto nenhum da Grande Vitória) e mais recentemente comprei uma caixa de grafites vermelhos da Pentel pra experimentar.
Todos esses grafites foram ótimos, mas todos têm algum probleminha: o lápis cópia mancha como um lápis 2B, os da Pilot são fotosensíveis e tendem a apagar com o tempo se muito expostos à luz (nunca tive nenhum dos meus desenhos apagados, mas vi uma resenha sobre isso na internet), além disso o fator apagamento com a borracha é “médio” o que compromete um pouco a arte final. Nesse sentido os da Pentel são os piores. A mina é a mais dura e mesmo rascunhando bem leve as linhas não são totalmente apagadas.
Daí, fui pra internet ver o que era possível de se encontrar no Brasil. Resultado: só existe uma loja que disponibiliza os lápis da Prismacolor. Avulso custa R$ 5,90 mas não sei se é possível escolher a cor (?), existem caixas de 12 e 24 cores mas são meio salgados os preços (R$ 56,00 a de 12 cores a de 24 não havia em estoque) e pra coroar a loja em questão é a Companhia do Papel, famosa pelos valores de cobrança do frete (nunca comprei nada lá, mas a maioria das pessoas a quem pergunto reclama disso).
Enfim, fui pro Sr. Google novamente, dessa vez pesquisando de forma mais genérica lápis de cor apagável (já que eu tinha conseguido descobrir que os Col-Erase nada mais eram do que lápis de cor) e encontrei uma linha da Faber-Castell. Foi nesse momento que clicou na minha cabeça que já tinha esbarrado por eles nas papelarias daqui. Comprei pra experimentar e vou falar sobre eles tentando fazer uma pequena resenha das primeiras experiências.
Caixa de lápis de cor apagável Faber-Castell - Linha Ecolápis
Apaga mesmo! E tudo junto assim fez um "farelo" de borracha mó bonito. |
Logo de cara é possível perceber que o público-alvo dessa linha não é o que trabalha profissionalmente e sim a galerinha das escolas. A caixa brasileira recebeu a identidade gráfica dos produtos escolares da Faber-Castell, a madeira é da linha Ecolápis (de reflorestamento) e o formato é triangular (ainda preciso me acostumar com isso, porque a maioria dos meus lápis são hexagonais). A resenha em inglês já dizia que os próprios lápis lançados no exterior eram da linha escolar, a grande diferença é que os brasileiros tem uma arte diferente no corpo do lápis e os americanos tem uma borracha no bumbum dos lápis em cores que combinam com as cores das minas. De acordo com a resenha americana a borracha que vem no lápis é muito ruim, então pensando por esse lado não faz tanta diferença, já que a caixa que a gente compra por aqui vem com uma borracha “de brinde”.
No que diz respeito às cores, o site em inglês dizia que a caixa tinha tons mais puxados pra pastéis. Comparando com as caixas da Faber que tenho aqui (só coisa do arco da velha), eles são sim de pigmento mais suave, no entanto a mina é bem dura e de todos os papéis nos quais testei o melhor resultado na aparência dos pigmentos foi o obtido no papel que aparece no post (reciclado 75g/m²).
Quanto ao “fator apagamento” (a menina dos olhos dessa caixa), só tenho a dizer que me surpreendi. Quando comentei com a Nane da existência dessa linha ela foi bastante cética dizendo que todos os lápis são apagáveis, mas os meus testes com as caixas que tenho aqui provam o contrário.
Em cima usei lápis de caixas variadas da Faber tentando buscar tons parecidos com os da caixa de apagáveis. Só o amarelo é aquarelável da Tris. |
Primeiro porque como vocês podem ver na imagem abaixo, existe uma clara especificação para que sejam utilizadas borrachas sem PVC para apagar os lápis. Ao ver isso, minha primeira iniciativa foi testar o quão apagáveis eles seriam com todos os tipos de borracha que eu tenho disponíveis (foram cinco ao todo). Pra minha surpresa, nem todas as borrachas tiveram o mesmo resultado. A minha borracha favorita pra desenhar (a Lapiseira da Pentel) foi um fiasco, por exemplo, enquanto a borracha que eu mais odeio (a quadradinha da Mercur) foi ótima. Segundo que quando testei a borracha fornecida pela Faber com as caixas de lápis de outras linhas o resultado obtido não foi nem parecido com o dos lápis apagáveis.
Recomendação do fabricante. Tenho que desvendar esse diacho de borracha. :P |
Testei todas elas em uma mancha de lápis da mesma cor... |
... e ficou assim. |
Como complemento deixo um vídeo (muito mal feito por sinal) com trilha sonora de Guilty Gear, mostrando a coisa acontecendo em tempo real pra que tenham uma ideia mais clara de que realmente funciona.
No que diz respeito ao preço, pesquisei na internet e variava entre R$ 19,00 e R$ 22,00. Paguei R$ 21,00 em uma loja local, o que não achei tão absurdo assim dada a inovação do produto.
Avaliação final
Então de maneira geral posso dizer que o material surpreende, sim. Pensei em várias boas utilizações pra ele, como trabalhar da mesma forma quando destacamos a luz com a borracha no grafite tradicional e tudo o mais, mas depois de tentar colorir um desenho com ele ontem e testar em outros papéis, chego à conclusão de que apesar do “fator apagamento” ser chamativo pra execução de um monte de coisas bacanas, a qualidade das minas e do pigmento dos lápis deixam um pouco a desejar. Talvez no fim das contas seja mesmo só mais um apetrecho escolar.
No mais, acho que vai valer a pena pra trabalhar como um substituto pros grafites azul e vermelho, na hora de fazer uma arte final direto por cima do rascunho, sem processos de digitalização ou mesa de luz, já que eles apagam bem (quase totalmente). Valeu a curiosidade, mas vou ficar aguardando uma oportunidade de por as mãos nos Prismacolor pra ver como são! :)
Se alguém quiser se aventurar por outros caminhos, procurando um pouco mais vi na Companhia do Papel que existe uma linha da Staedtler que é, inclusive, mais barata do que a da Faber-Castell. Tem disponível também em 12 cores e 24 cores.
E essa foi a minha grande experiência da semana. Não deu pra postar ontem porque eu tava lá na casa da Nane (:P) mas cá estamos nós hoje cumprindo o prometido de duas postagens por semana. Nos vemos lá pelo meio da próxima agora! Até!