Truque para lineart digital

domingo, 2 de agosto de 2015

Há uns dois anos atrás eu estava aqui, fazendo tutoriais sobre meus processos de criação digital. No conjunto de posts pra essa sequência tinha um dedicado exclusivamente à lineart (ou digital inking). Na ocasião, ainda fazia uso de uma mesa digitalizadora da Genius (Mousepen 8x6) e trabalhava somente no Photoshop, por isso tinha uma visão unilateral do processo. Agora que dei upgrade pra mesa Wacom, experimentei outros softwares, aparatos, e também com a prática acumulada, acho que tenho um complemento a fazer pro conteúdo do post antigo.


Mesmo depois desses anos, ainda rege o fato de aprender a trabalhar com grandes formatos, em 300 dpi e conhecer a pressão da sua mesa. Isso facilita pra ter linhas mais bonitas (no caso da resolução) e entender qual tamanho de brush você precisa ter pra trabalhar seus traços (no caso da pressão da caneta). Mas além disso, acho importante entendermos que a mídia digital existe pra ajudar a solucionar alguns problemas mais complicados de serem resolvidos na mídia tradicional. O que eu quero dizer com isso é pra aprendermos a fazer bom uso dos recursos digitais em prol de um processo mais natural e bem elaborado.

Deem uma olhada no vídeo do acabamento do desenho acima:



Acho que vocês puderam reparar que a minha lineart está separada em várias camadas. Adquiri esse hábito de criar a lineart em seções, pois assim temos maior liberdade com áreas do desenho que sofrem sobreposição. No acabamento das linhas de elementos sobrepostos em um desenho, por vezes é preciso ter um traço interrompido. O que pode acontecer, se você não estiver trabalhando com camadas, ou estiver trabalhando à mão livre com mídias tradicionais, é você ter dois traços que não parecem pertencer à mesma linha, mas que em teoria deveriam. No meio digital, a solução pra isso é: traçar em camadas diferentes, depois apagar a parte do traço que não deveria aparecer. Fazer um traço contínuo é muito mais natural e objetivo do que traçar, parar e depois tentar retomar a continuidade daquele traço na outra parte do desenho.

Lineart tradicioinal e... ooooooops, quase! Tá vendo ali no cogumelo? Nesse dia eu senti falta de curvas francesas.

Aí alguém pode vir e falar: "Ah, mas quanto mais camadas eu tiver no meu arquivo, mais pesado ele fica". Isso é a mais pura verdade, mas precisamos aprender a trabalhar com um conceito que o Matt Kohr (ctrl+paint.com) chama de "Camadas Temporárias", que consiste em: quero fazer uma coisa nova, não sei se vai ficar bom. Faço em uma nova camada, se ficou ruim, apago. Se ficou bom, mesclo nas camadas abaixo. Ele usa isso pra pintura digital, mas pode-se fazer também com a lineart. O cabelo do seu personagem sobrepõe os olhos? Desenhe os olhos lindamente, trace os cabelos em uma nova camada, apague a parte dos olhos que deveriam estar ocultas. Simples assim.

Lineart completa pra um desenho que estou fazendo do meu irmão, hehehe.

Esse vídeo eu gravei muito mais como teste de hardware e software do que com "propósitos educacionais", por isso ele tem alguns problemas de edição e qualidade. De qualquer forma, como andei revisitando esses tutoriais antigos, achei que valeria a pena compartilhar um pouco de processo com vocês.

Espero que tenham curtido e prometo tentar gravar outras etapas de criação. Torçam pra que funcione! Forte abraço e até breve. :)

6 comentários:

  1. Boa Joyce!

    Parabéns pela postagem, ficou bem interessante!

    Joyce tenho muita dificuldade com o lineart digital. Sempre que faço ele no Photoshop, acho que ficou sujo, que as linhas não estão boas e precisas e não consigo me livrar da ferramenta zoom, limpando detalhes que não fazem a menor diferença. Até tentei criar o brush mágico que resolve-se esse "probleminha" mas foi em vão.

    Quando faço o lineart no ArtRage, fico mais satisfeito. Pois ele tem opções que suavizam a linha e apesar de saber que isso é "roubar", ultimamente, todos os estudos (não publicados) que faço de pintura digital, utilizam o lineart do Artrage.

    Mas se pudesse faria todo o lineart no Illustrator, outra ferramenta à qual não me adaptei para desenho livre, apenas para vetorização. Afinal de contas, o vetor deixa o traço limpo e suave e é isso que eu procuro. Até sofri, tentando criar o brush (e as regras para desenhar direto no software) em que podia utilizar o Illustrator para finalizar o lineart, mas me frustei novamente.

    Falta fazer agora o teste com o Manga Studio, o problema é que ele é meio pesado e como eu não tenho o "pc" da Nasa, tá foda de usá-lo.

    Apesar de tudo, continuo insistindo em utilizar o Photoshop. Ele, apesar de todos os tropeços do aprendizado de pintura digital, ainda é a ferramenta que mais facilita na finalização das pinturas.

    Bom, esse comentário não acrescentou nada né? Vixe!

    De qualquer forma valeu pela postagem Joyce!

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    1. Ei, Mateus! Que isso! Todo comentário adiciona à discussão. :)

      Caramba, então o Manga Studio é assim pesado mesmo? Eu não tenho o "PC da Nasa" também, mas ele está com uma performance razoável por aqui. Deu inclusive pra gravar a tela... hehehe. ^^"

      Também experimentei lineart no Illustrator criando brushes, mas não gosto muito do acabamento que ele dá ao desenho. O Manga Studio tem um esquema de lineart em camada vetorial que funciona da mesma forma que o illustrator, mas também não curti muito. Quando o negócio é lineart, prefiro ir na resolução alta e fazer em pixels mesmo.

      Sobre o estabilizador de traço, não acho que é "roubo", mas pessoalmente sempre tive muita resistência em usar, e ainda tenho. O Manga Studio foi minha primeira experiência com essa ferramenta e embora ajude pra caramba, prefiro não confiar meu trabalho a ele, afinal posso precisar um dia trabalhar em algum lugar, com algum software que não vai ter isso a disposição e aí vou ficar frustrada com o processo.

      Eu ainda acho que muito de lineart é questão de prática (assim como com nanquim) e treino do braço. Saber onde você precisa mexer com o pulso, com o cotovelo ou com o ombro, quando fazer um traço contínuo, quando dá pra fragmentar, etc.

      Mas se no fim das contas você sente falta mesmo de estabilizador de traço no Photoshop, existe um plug-in chamado Lazy Nezumi que talvez ajude. :)

      Obrigada pelo comentário!

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  2. Nossa Joyce, vou baixar esse plugin depois.

    Muito bom! Não sabia que existia esse tipo de coisa no Photoshop.

    Valeu!

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  3. Eu quero um pc da Nasa...

    Ei Joyce! Gostei bastante do conteúdo deste post e das dicas que deu. Faz uma caaaara que não desenho/finalizo no digital, e um dos motivos é por ter dificuldade em alguns dos problemas que apontou, como tamanho do arquivo, peso das imagens, tamanho certo de brush pra resolução do desenho...

    Voltar a trabalhar nesse meio faz parte dos meus planos futuros. Atualmente estou enrolada até o pescoço com outras coisas. T-T Me deseja sorte, amiga!

    Beijo! o/

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    1. Todos gostaríamos de um PC da Nasa... hahahaha!

      Eu acho que você reclama muito, hauehuaeh. Fala que tem dificuldade, etc e tal, mas sempre que senta pra fazer algo, entrega coisa bem feita. :) Por isso digo que talvez o maior problema seja mesmo falta de costume. O resto a gente vai se adaptando (até às dificuldades técnicas).

      Eu tô sempre te desejando o melhor, você sabe. Organiza as coisas e quando puder retoma a prática.

      Beijão e obrigada pelo comentário!

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  4. Curti muito o programa artrage, Os resultados são ótimos e as pinturas se tem um grau de fidelidade muito alto com a realidade. É um belo programa e uma bela ferramenta de trabalho.
    Uso um mesa digitalizadora XP-Pen ( https://www.xp-pen.pt ). Não é uma Wacom, mas ajuda, hehehe.
    Recomendo este programa a todos !!!

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