Caixola paralizada

sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

8h30! Acordar, mal tomar um gole de café e ver os e-mails acumulados da noite pro dia. Comer pão nem pensar, senão não tenho fome pra almoçar às 10h30. Arrumar dois lanches pra comer a tarde, tomar banho, me arrumar e almoçar, almoçar e me arrumar... peraí... acho que geralmente faço as duas coisas ao mesmo tempo. Vou me arrumando e comendo, comendo e me arrumando, principalmente se a comida que minha mãe começou a preparar às 9h está super quente.

Dei a última garfada, hora de soltar o prato na cozinha correndo, escovar os dentes, calçar a coisa que for mais rápida de ser calçada, verificar se está tudo na mochila e descer correndo pro ponto de ônibus. Se eu perder o de 11h só tem outro 11h20, e isso significa pegar o outro ônibus no terminal só as 12h... uma furada. Todos os alunos das escolas particulares já saíram nesse horário e esse ônibus costuma ficar intermináveis minutos parado no ponto esperando entrar o último aluno que insiste em caber em um ônibus que não tem nem mais ar pra se respirar.

Isso tudo pra chegar no que parece ser o outro lado do mundo às 13h em ponto pra dar início à minha jornada de trabalho.

Depois, às 18h, é hora de voltar pra casa e encarar todo mundo de um centro comercial tentando fazer a mesma coisa. Pra não ficar duas horas em pé no ônibus que me leva pra casa, acabo preferindo ir pro terminal mais próximo e pegá-lo no ponto final, pois assim posso esperar na fila pra vir em um mais vazio, escolher meu lugar na janela bem arejada e aproveitar uma das poucas coisas que me dá alento no dia de trabalho: a vista e o vento da ponte.

Ao chegar novamente no meu município, ainda preciso dar a sorte do ônibus não pegar muitos sinais vermelhos e vou contando os minutos pra não perder o ônibus pro meu bairro de novo no terminal. As vezes chego e ele tá saindo da plataforma, e lá se vão outros vinte minutos preciosos da minha vida...

Chegar em casa entre 20h40 e 9h é um alívio, principalmente sabendo que minha mãe está me esperando com o jantar feito com carinho! Mas aí já é tão tarde, já estou tão cansada, que não sinto forças pra fazer mais nada. Enquanto janto, olho e-mails de novo e tento ter uma palavra com meus amigos, já que não nos vemos mais com frequência. Descanso um pouco do jantar pra não dormir com a barriga cheia, jogando um jogo casual no tablet, ou assistindo algo na televisão, e é hora de me arrumar pra dormir... pra começar tudo de novo no dia seguinte.

Essa tem sido a minha rotina nos últimos meses, quando tudo dá certo... quando não me atraso por qualquer motivo fora dos padrões.

Não tem sido fácil. Sábado eu estou morta, e normalmente tiro o dia pra mim, pra brincar com meu sobrinho, me arrastar pelo chão com ele, jogar videogame. Domingo é dia de trabalho de novo: Projeto de Graduação.

No meio disso tudo, eu ainda estou tentando encontrar onde fica a Joyce, mas ainda não consegui. Espero sinceramente que quando minhas preocupações estiverem menos concentradas em me formar, possa começar a tentar encontrar essa moça, que se perdeu em algum lugar, com seus sonhos e expectativas.

Um rascunho só pro chororô não ficar sozinho. :P

Sei que não sou nem a primeira nem a última brasileira a ter esse tipo de vida, e a reclamar, mas pra quem até pouco tempo era só estudante tá sendo uma novidade difícil de encarar, mas necessária... então "vambora"!

Estou louca pra colocar os planos que tenho pro Caixola nesse ano em prática, mas enquanto isso não é viável, pelo menos é hora de tirar o post de Frozen do topo da lista. Ele já estava fazendo "mêsversário" lá... :/

6 comentários:

  1. Triste relato da vida de uma trabalhadora, né? Às vezes eu até gosto quando você sai do trabalho e dá uma passadinha aqui em casa (que é pertinho) pra conversar, jantar, rir da vida... Mas por outro lado, fico pensando como é cansativo atravessar uma cidade inteira para conseguir um pingadinho todo mês na conta. Fora as quase 3h dentro do busão pra ir e voltar (afinal, vc pega horários de trânsito difícil).

    Sua vida na Ufes tá acabando, seu projeto está quase concluído e já já você apresenta. Será menos um peso pra carregar, e quem sabe mais a frente num surge uma coisa bacana mais pertinho de casa? =D

    Dessa dureza toda, tenta tirar só o lado positivo, Suco. A experiência, o tamanho dos projetos que você se envolve no trabalho, as relações com as demais pessoas na empresa, conhecimento adquirido... e a graninha pros mangás e materiais artísticos também, claro!

    Você é boa pessoa, boa designer, tem tudo pra dar certo! Mas enquanto você sente que não tá tão bom, saiba que tem amigos de plantão te apoiando e tentando ajudar no que for preciso. ;)

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    1. Tenho certeza que sou só mais uma reclamona no meio de tantos, Nanika, o que é ainda mais desesperador, porque se houvesse a certeza de que meu caso era atípico, poderia ter um pouco mais de esperança de mudança.

      De qualquer forma, é um alívio muito grande saber que sempre posso contar com o apoio de quem está ao meu redor, seja com uma palavra amiga, com um café e um bom papo depois de um dia estressante, ou até mesmo com um jantar. :)

      Tenha certeza de que poder dividir essas pequenas coisas com você com mais frequência faz parte das coisas que aliviam o peso.

      Obrigada pelo suporte! :*

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  2. Ei! Força menina!
    Li seu texto em ritmo acelerado, me coloquei no seu lugar e senti a dureza do dia a dia...
    Moro numa cidade pequena, e nunca precisei pegar ônibus, acho que sou uma bundona pra isso... e aqui não tem emprego na área de publicidade (e ate fora da área ) pra mim, e não consigo nas cidades vizinhas... quando conseguir farei a mesma vida que você em troca ganharei XP rs ( meu irmão pegava o bus as 5h45 da manha pra fazer estagio e chegava em casa depois na meia noite quando acabava a facul)

    Seja firme e forte, reclamar as vezes não tem problema nenhum não.. é bom desabafar e escutar as palavras boas que os amigos dão, elas trazem motivação, força esperança e vontade de continuar ... ninguém disse que seria fácil, mas sempre ouço muitos falarem que vale a pela.

    Não te conheço pessoalmente, mas eu sinto que vc é uma pessoa boa, inteligente...e realmente ótima no que faz! Te considero minha amiga, e as vezes comento com a minha mãe - Manhee tenho amigas que desenham, elass moram longe mas ja gosto delas!

    Não é facil, mas desistir não leva a lugar nenhum! Logo vai pintar um trabalho pertinho, seu projeto termina, e você volte...a Joyce esta ai dentro, matutando coisas boas pra fazer e postar no blog!

    Aguardo sua volta, paciente porem ansiosa!
    Beijos =D

    PS: comida de mãe é a melhor do mundo =D

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  3. Oi, Débora! Obrigada pela consideração e por suas palavras.
    Realmente ter o apoio de quem está por perto (mesmo que só virtualmente) é muito importante e animador. E obrigada por apostar tanto assim em mim mesmo só me conhecendo pela internet! :)

    Desistir não é uma opção no momento. Esse trabalho é uma porta aberta pra realizações pessoais, e não sou de desistir de coisas importantes. As vezes bate o desespero (e surgem esses desabafos), mas é matando um leão por dia que a gente chega lá (é o que eu falo pra minha mãe quando ela desanima)!

    Não demora muito estarei de volta na ativa! :D

    Mais uma vez obrigada pelo apoio e pelo comentário!

    Beijão

    PS.: Sim! Comida de mãe não tem igual, principalmente quando ela resolve fazer as coisas que a gente gosta! <3

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  4. Joyce querida
    Entendo perfeitamente como se sente. Também passei por isso. E não pense que é reclamação, isso é apenas um desabafo. É bom fazer isso para não explodir.

    Não se sinta sozinha. Faço minhas as palavras da Débora. Mesmo não nos conhecendo pessoalmente sinto um carinho enorme por você e vocês meninas (Débora e Nane) :D.

    Estamos aqui torcendo por você.

    No final Joyce tudo dá certo.

    Sinta-se abraçada.

    Beijinhos

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    1. Muito obrigada Silvia, pelo apoio e pelas palavras.

      Realmente ter colocado isso tudo pra fora foi um alívio, e me fez perceber que não posso sempre ignorar minhas necessidades, senão vou acabar explodindo de novo, e de novo e de novo...

      Enfim, respira fundo e vamos embora, hehe ^^

      Beijos e obrigada mais uma vez!

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